quarta-feira, novembro 30, 2005

Por meu alvedrio, cavouquei minhas memórias e descobri dois pequenos traumas da minha tenra infância. Relato-os agora, mais para expiá-los do que propriamente culpar quem, deles, participou. Nunca fui um filho problemático, ao contrário. Era caseiro e adorava televisão. Curtia assistir novela e desenho animado e achava que, quando crescesse, o emprego dos sonhos seria ser Crítico de Televisão. Se não existisse esse filão no mercado, eu criaria. Minhas irmãs eram diferentes, rueiras. Arrumavam briga na rua e me chamavam, quando o páreo era duro, para as defender (quase sempre brigavam com meninos). Eu tinha medo algumas vezes; outras, verdadeiro pavor. Mas aceitava, pois não podia deixá-las na mão e nem perder o respeito em casa.

Morávamos em um bairro simples, em uma casa simples. Meu quarto eu compartilhava com minhas irmãs mais novas. Não era muito confortável, e eu ficava chateado. Ou talvez fosse confortável, mas o parâmetro que eu tinha era as casas de meus colegas de escola, uma escola de meninos ricos em minha cidade. Tinham seus quartos separados e, muitos, sua própria televisão. Quem mandou eu estudar neste colégio? Acho que este foi o meu primeiro trauma.

E nesta casa vivíamos eu, minhas irmãs, meu pai, minha mãe e a empregada com sua filha. Todas as empregadas lá de casa tinham filhas. Acho que meu pai se preocupou com minha educação sexual desde muito cedo, pois foram essas agregadas (mais velhas que eu) que me garantiram as primeiras bolinadas. E lembro-me com especial gratidão e carinho. Lembro-me até mesmo de uma babá que, nos meus virgens 4 anos, levou-me para o andar de baixo da casa (na época mais servia para guardar objetos do que propriamente habitar) e me fez passar-lhe a mão em tudo. Não achei nada de mais, a não ser quando, desbravando aquele monte de pelos que ela tinha entre as pernas, senti meu dedo enroscado em uma touça e vaticinei: “Tem um chiclete grudado aqui”.

Minha mãe não teve muito que reclamar de mim. E até pôde reclamar algumas vezes, mas pouco o fez. Fui um estudante preguiçoso, porém reconhecido por algumas habilidades (escrever, talvez). E ela, como professora, sentia orgulho. Eu tirava boas notas e tinha comportamento irreprochável.

Mas tinha piolho; e muito! Não sei porquê, mas eu só fui descontaminado dessa praga já na puberdade. Ou seja, não era problema com a higiene. Diziam que eu tinha o sangue doce (hoje dizem de outra coisa) e, por isso, eles não me abandonavam. Certa vez viajei para o Rio em uma excursão da escola e minha mãe me comprou um boné, escrito NASA. Era todo bacana e eu não tirava ele da cabeça. Um dia, ouvi um comentário de um coleginha: “O Christian não tira esse boné da cabeça para não deixar escapar um só piolho da coleção.” Maldade! Na escola, piolho foi o meu segundo trauma.

terça-feira, novembro 29, 2005

Essa estória de pontos corridos não serve para premiar o time mais regular? Aquele que consegue, durante todo campeonato, ter uma atuação constante? Pois bem, sinto que o Atlético foi, mais uma vez, prejudicado!

Roubado, eu diria!

Aliás, a história do Galo é repleta de acontecimentos estranhos, basta puxar na memória as decisões do início da década de 80.

Pois bem, o Atlético não poderia ter sido rebaixado. Se a competição de pontos corridos valoriza a regularidade, nada mais justo que o Atlético encabeçar a lista, e não ficar na rabeira. O Atlético foi regular! Em momento algum ele oscilou sua performance. Ele foi regularmente ruim o campeonato inteiro. E é justo que seja rebaixado?

Ah, também agora teremos futebol às sextas, os jogos do Galo serão transmitidos (é o time de maior expressão da série B) e comemoraremos mais vitórias. Que legal, né?

segunda-feira, novembro 28, 2005

Para todos que esperam que eu me manifeste sobre o rebaixamento do meu time, diria que é discussão das pequenas, coisa de pouca monta. Quero tratar de coisas que valham o tempo empregado.

Exodus, com o Paul Newman, conta a história de ativistas judeus na construção do estado independente. E conta com riqueza de detalhes, afinal de contas, são mais de 3 horas de filme.

Tenho empregado tempo suficiente para discorrer a respeito, não só do filme, mas de questões mais aprofundadas (dentro do restrito universo que me cerca). E não é só tratar da questão palestina, mas é trazer à baila um assunto por demais controverso.

O judaísmo não é só uma religião, em que se comunga de certos dogmas e passivo de conversão. É uma questão de identidade, pátria, língua, costumes. Ninguém se converte ao judaísmo; grande balela. A pessoa já nasce judia (deve ser filho de MÃE judia). Duvido que os “novos judeus”, diante de um novo “progom” (погром), levante a mão e pergunte: “onde é que fica a fila para o forno?” Anath é que tinha razão! Não existe conversão.

É um povo que andou disperso pelo mundo durante 2000 anos e que sofreu toda sorte de barbárie.

Assistindo esse filme, começo a entender como funciona o espírito de sobrevivência do povo judeu (repito, meu universo de informações é restrito). São comunidades extremamente fechadas (antes viviam em guetos) e que mantém técnicas de combate muito particulares. As crianças, por exemplo, participam de acampamentos (machané) que, inseridos nas atividades lúdicas, há todo um contexto de treinamento militar. Dentre vários jogos, em um deles está a defesa da bandeira de Israel. A equipe que é derrotada se vê escrava da vencedora, numa clara alusão à história do seu povo. É um povo escaldado (na verdadeira acepção da palavra) e justifica toda a preocupação.

E o filme conta também sobre a intervenção da Inglaterra na região (aliás, eles estavam em todas). Os preconceitos, os insultos... Mostra como seria fácil a convivência entre povos co-irmãos, os árabes e os judeus, se assim eles se enxergassem.

Por fim, mostra que a intolerância é mais inflamável que o petróleo tão abundante em terras vizinhas.


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Só para constar: Galo forte, vingador!

sexta-feira, novembro 25, 2005

1. Raincloud - Lighthouse Family (aquecimento)
2. Ray Of Light – Madonna (giro de cadência)
3. Hot Stuff - DJ Miko (subida de montanha)
4. Clocks – Coldplay (terreno misto)
5. Proud Mary - Tina Turner (contra-relógio)
6. Will I - Ian Van Dahl (meta-volante)
7. Because The Night - Jan Wayne (montanha especial)
8. Break My Stride (giro de recuperação)
9. She Will Be Loved – Maroom 5 (alongamento)

Esta foi a seleção usada para a aula de RPM que dei hoje, matando a saudade da bike e açoitando o meu rim. Meu rim já estava ruim, pior não ficaria.

E a aula foi gostosa, romântica como eu gosto, forte como é preciso. Seleção musical que agrada um pouco cada tribo, e um pedal que me faz lembrar como é bom dar aula.

Que tal?

quinta-feira, novembro 24, 2005

Na minha época de academia desenvolvi alguns instrumentos de fidelização de clientes e que me renderam bons frutos. Criar empatia com seu cliente é fundamental e é um dos termômetros da prestação de serviços.

Existem outros termômetros para aferir sua capacidade de criar vínculo com o seu cliente e alguns muito específicos para a academia. Posso revelar um deles aqui: o melhor professor é aquele que, no Natal (ou nas datas que antecedem a ele), sai da academia com o maior número de presentes. Este cara é bom!

Compartilhar a expertise é função de Consultor. Eu sou um e vou compartilhar a minha: Dê, até o dia 9/dez, cartõezinhos personalizados com mensagens bonitas com dizeres tirados de livros de auto-ajuda, ou de clássicos (como O Pequeno Príncipe).

Darei um exemplo:

“Benignidade, Amor, Bondade... palavras que, soltas ao vento, refletem apenas pequenos conceitos. Quando unidas através de ações em prol da felicidade alheia, dignificam a vida e o Ser Humano. Neste Natal, lembre-se que o bem está em fazer as pessoas felizes. ‘Tu te torna eternamente responsável por aquilo que cativas’. Você me cativou!”

Que tal? Gostou? De minha própria autoria! A resposta poderá vir através do devido presente para este que vos escreve...

quarta-feira, novembro 23, 2005

Há 12 anos atrás ele me serviria o miojo e estaria ótimo. Conversaríamos sobre o baile do domingo anterior e eu o agradeceria por ter me recolhido da rua, no momento exato em que eu beijava o poste e fazia uma declaração de amor ao cachorro que me lambia a boca. Combinaríamos um vôlei de dupla, o próximo churrasco e os novos sinais para o truco. Ouviríamos Iron pela enésima vez e, se estivéssemos inspirados, talvez saísse a versão de número 6 para a nossa composição, “O melô do cu”.

Tudo isso preenchia nossas vidas. Éramos muito unidos e sou capaz de dizer que a felicidade existia (apesar de, no meu caso, as privações econômicas serem acima do nível aceitável).

Perdemos pessoas que amávamos (e ainda amamos, claro!), nossas vidas tomaram rumos diferentes. Contabilizamos sucessos e percalços. Paradigma substituiu a Mikasa nas nossas cortadas.

Ontem ele me recebeu em sua casa, mais uma vez. O miojo foi dignamente representado pelo menu preparado por ele, com direito aos pães, patês e caviar de entrada, penne e salmão, regado a azeite extra virgem e shitakis flambados (idéia minha) como prato principal. Vinho e café saído da cafeteira italiana com a devida grappa.

Ouvimos rock de boa qualidade, revi minha querida Maristela (sua mãe), a Carol e as meninas (assim como eu, ele também tem 2) e, num determinado momento, voltamos a 92 e começamos a combinar o próximo final de semana.

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Pergunta que não quer calar: Marquinho, você realmente acha que a gaveta de cueca DO SEU PAI é o melhor lugar para guardar a fita pornô que você alugou escondido?
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Nota de esclarecimento: meu amigo não gosta de música sertaneja como eu havia alardeado antes. Ele gosta é de moda de viola... Ah, bom!

sexta-feira, novembro 18, 2005

E por falar em amigos, vamos ao cerne da questão: cortar ou não cortar as cabeças de amigos que trabalham com você e, por mais considerações e apressos que existam nessa relação, fica absolutamente impossível mantê-los na empresa em que você tem a incumbência de co-gerir? Sua resposta pode ser mole demais, ou dura demais; e entre mole e duro eu voto no segundo!

“Se quiser tomar o castelo, mate toda família real”. Parece meio maquiavélico? Pois o é, na íntegra. Fim de ano, época boa para promover mudanças na vida e no trabalho, principalmente neste último quando depende exclusivamente de você. Portanto, se tiver que mudar alguma coisa, e se depender exclusivamente de você, mude! Tudo!

Nos últimos 5 anos respondi diretamente pela contratação e demissão nas empresas que trabalhei, ou quando coordenador, ou como consultor. Quer saber? Não me dói tanto mais assim. Demitir é dar a chance do camarada ser bom em outro lugar (porque aqui não foi!). E contratar significa deixar sua empresa mais hospitaleira (ou menos), mais competitiva (ou menos), líder (ou não).

Tudo isso só não se aplicará quando o amigo a ser demitido for eu. Você não faria isso comigo, não é? Lembre-se dos momentos...

quinta-feira, novembro 17, 2005

Sabe, lendo os posts antigos do blog e seus comentários – a melhor parte – despertou a vontade de escrever de novo. E mais, de tê-los comigo aqui. Vamos tentar tornar este hábito novamente diário.

Estou em falta com vários blogs da minha predileção e prometo colocar a leitura em dia.

Assuntos temos vários, mas manterei a postura de falar de coisas boas, como a amargura do rebaixamento do Galo, livros e filmes no melhor estilo de Psicopata Americano e tudo o mais. Só espero que não venham culpar essas linhas bloguianas por algum ato de insanidade praticado por alguém. Não tenho o desejo e nem a inspiração poética para tanto.

E por falar em livros, eis a relação dos que esperam a minha cansada leitura:
- Memória de minhas putas tristes
- Quando Nietzsche chorou
- Fortaleza Digital

O último lido foi Complô contra a América, do Philip Roth. Vale bem a pena seguindo os meus critérios. Assisti ao Mercador de Veneza e amei. Ando meio compulsivo sobre esses temas, eu acho. E acho que vou empreitar uma releitura da estória do Sobradinho.

Tenho colhido testemunhos de pessoas que por aqui passeiam corroborando algumas de minhas teses sobre algumas empresas e seus péssimos serviços. Por isso, iniciei o www.momentos_tragicos.blogger.com.br mas ainda não tive como arrumá-lo e tampouco consegui falar com a Blue para pedir-lhe ajuda (Blue, este foi um recado...).

Mês que vem completarei um ano neste universo. Obrigado, meus amigos, pela paciência e brandura para comigo. Agora engatei a quarta. Vamos em frente!

domingo, novembro 13, 2005

A sensação de ver o Pink Floyd tocando completo na televisão só pode ser menos intensa que assistir ao vivo. No dia 02 de julho eu gostaria de ter visto, no Hyde Park, este momento histórico. Juro que cheguei a procurar alguma excursão, mesmo que isso se revertesse em algumas dívidas a mais. Topava.

Mas não deu! Não encontrei nenhuma operadora que levasse os brasileiros para este encontro único. Tudo bem, para isso temos os Live 8, devidamente comprado e que renderá boas horas de audição neste feriado.

Tinham outros endereços para participar deste ato público. Se não desse para ser Londres, tinha Paris, Moscou... Só não dava para ser a Filadélfia! O concerto de lá foi só mãozinha e a desgraça do RAP e cabecinhas balançando para o lado.

Não sei se a grana será realmente revertida em benefício dos famintos no mundo, principalmente os da África. Tomara que sim, pois fiz questão de pagar as 200 pilas cobradas pelo box. É chocante (no sentido de assustador) ver as imagens veiculadas a algumas apresentações. Faz pensar: quanta grana e sofrimento despendidos no propósito de perder alguns quilinhos quando os famintos gostariam destes mesmos quilinhos em seus corpos, o que significaria vida?

Voltando aos Tios do Rock, o David parece não estar muito afim, e chega a lançar alguns olhares para o Nick, do tipo, “o que estamos fazendo aqui?” O Roger tá felizão, curtindo horrores e com uma baita pinta de Tio Sukita. São 300 anos de experiência em rock n’roll e muitas pessoas ali para testemunhar o encontro.

Eu? Pois é, eu não.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Gripe do Frango

Socorro, socorro!!!

Foi descoberto o primeiro foco de gripe aviária no Brasil. Socorro!

Uma ave foi abatida em BH, o meu querido e saudoso Galo. E a minha esperança, bem como a minha nação atleticana, foi para o espaço. Quero dizer, para a segundona.

É difícil aceitar tal fato, apesar de esperá-lo. Desenhava-se este cenário desde que o meu amigo e aluno Nélio Brant deixou a presidência do Atlético, depois do vice no Brasileiro de 99.

A história é cíclica, ela se repete. Reeditaram em 2005 a mesma cagada de 94. Ressuscitaram velhos ídolos, numa esperança “mumm-raniana” de conferir a Euller e companhia o dom da transmutação que conferia ao vilão dos Thundercats um poder sobrenatural.

Fazer o que?! Agora é recolher as penas, queimar os restos mortais e aceitar que o outrora Galo Vingador tornou-se um pintinho medroso. Tal qual um pintinho com frio; encolhido e recolhido à sua insignificância.