quinta-feira, julho 27, 2006

Adeus, meu companheiro Palco,
Vou embora, pois se faz tarde!
Levarei os dias de glória vivenciados em ti
E guardarei os teus ensinamentos nos alfarrábios da minha história.

Adeus, meu garbo Palco,
Sentirei falta de tuas sedutoras palmas!
Dos momentos em que me sentia desejado em ti
Dos brilhos, das luzes, do teu glamour instantâneo.

Adeus, doloroso Palco,
Separar-me de ti dói na carne!
Fomos quase um só na alma
Parte de mim ficará tatuada em ti

Adeus, não mais saudoso Palco,
O que recebi de ti paguei de volta!
Estes juros me pesaram nas costas
Nada devo, nada quero.

Adeus, Ilusão,
Que travestida de Palco me encantou!
Não me arrebanhas mais em teu seio
A vida, traiçoeira Ilusão, é muito mais que aplausos.

quarta-feira, julho 26, 2006

Ele:
"Live in my house
I'll be your shelter
Just pay me back
With on thousand kisses
Be my lover
And I'll cover you

Ela:
Open your door
I'll be your tenant
Don't got much baggage
To lay at your feet
But sweet kisses
I've got to spare
I'll be there
And I'll cover you

AMBOS:
I think they meant it
When they said
You can't buy love
Now I know you can rent it
A new lease you are my love
On life
Be my life
Just slip me on
I'll be your blanket
Wherever whatever
I'll be your coat

Ela:
You'll be my king
And I'll be your castle

Ele:
No, you'll be my queen
And I'll be your moat

AMBOS:
I think they meant it
When they said
You can't buy love
Now I know you can rent it
A new lease you are my love
On life
All my life"

Essa veio do Randall, meu grande incentivador das artes e tudo mais. Ele disse que essa música, de Rent, é demais, abstraindo-se o fato de ser cantado por um cara (ele) e um travesti (ela). Quase consigo!

Gosto de musicais. “Pronto, falei”! É quase um mea culpa pois sempre fui ferrenho defensor da guilhotina para musicais e seus “mecenas”. Culpa do meu avô, que não deixava eu assistir sessão da tarde quando tinha Elvis Presley no Havaí, em Acapulco, em Ji-Paraná... Ele odiava e eu também.

Até que assisti Moulin Rouge.

Moulin Rouge é um divisor de águas na história deste simples blogueiro. Fui arrastado para o cinema, quase que batendo o pé. Ainda bem que a Terezinha, minha querida aluna de personal e amiga de longa data, insistiu que eu deveria ver um Christian cantando seu amor a alguém. Naquele filme percebi que a vida pode ser cantada, mesmo que na seleção musical você tenha coisas meio Edson Cordeirianas. Não há forma correta de se sentir algo, mas expressar sentimento só existe de uma forma: de forma clara! Vivê-los intensamente é outra estória. É coisa pra macho.

Moulin Rouge sou eu! É meu o filme, propriedade privada. Compartilho com pessoas que quero bem, mas faz parte dos meus dedos, quando partem os anéis. Your Song é minha, Came What May também.

Rent não sei se poderá ser meu, mas vou alugar…

terça-feira, julho 25, 2006

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh´alma se sentir beijada, ai

Ouço essa música ainda em casa, tomo mais um gole da caipirinha adormecida e já amarga e vou para o ponto de ônibus, neste dia de dilúvio em BH. Existem poucas coisas piores do que um dia de chuva em BH, pois nesta cidade-montanha não há rua da direita ou rua da esquerda. Existem apenas ruas de cima e ruas de baixo. Portanto, enxurradas aqui não servem para “lavar a alma” ou carregar barquinhos de papel; servem para te deixar ilhada num pequeno espaço, esperançosa pela chegada do ônibus antes da chegada de um playboy qualquer que ache bonito ver uma mulher madura, como eu, molhada de cima a baixo. Isso deve tesá-los, eu acho. Deve ter a ver com a vontade de ver suas mães nuas e molhadas, no chuveiro, dos tempos de meninice.

No ponto de ônibus continuo lembrando da música, e do tempo em que eu podia sentir arrepios com aquela barba mal feita, do hálito de cigarro e da sua língua trêmula. Ah, faz tanto tempo... Deste tempo para cá, essa música embala meus momentos de solidão compartilhada, em que parte do meu corpo assume status de corpo estranho e me preenche, quase me satisfazendo.

Essa deve ser a minha sina, eu acho. Ser quase satisfeita, quase completa. Falta a barba por fazer, o hálito de cigarro e aquela língua quente, lasciva, que buscava minha orelha com fervor e ódio. O mesmo ódio que me castigava por chegar tarde em casa, com as marcas que eu não conseguia explicar. Ele não entendia as minhas necessidades...

O ônibus não chega, a chuva transformou-se em temporal. Não preciso mais do playboy arruaceiro para me molhar. Já estou molhada, inteira, e na alma. Lembrei-me da última surra, e de como eu preparei o seu jantar, mesmo estando inteira machucada, com esmero e temperos torpes, que fizeram-no dormir profundamente. O que ele teria me dito se tivesse acordado enquanto eu o esfaqueava? Meus olhos brilhavam, meu corpo tremia, meus golpes sôfregos, será que ele me desejaria ainda? Jamais saberei!

Depois de tantos anos, de expiar meus pecados, desejo-o ardentemente.

sexta-feira, julho 21, 2006

Quedar-se de amor não é necessidade, é privilégio. Cantar, mesmo que motivo não exista e a acuidade auditiva proíba; ter vontade de dançar, mesmo que sua dança mais pareça a de um orangotango dançando lambada; aceitar o desafio de compartilhar, mesmo que a partilha signifique abrir mão de coisas que pareciam tão caras...

Quedar-se de amor não é doença, mas é ficar em estado febril. Queimar, mesmo que o coração gele na presença do ser amado; delirar, e falar toda sorte de impropérios; perder o ar, sufocado por sensação inebriante...

Cantar, dançar, parecer bobo e babar... Renato Russo, que nasceu no mesmo dia que eu (mas eu não tenho os mesmos hábitos), traduziu assim:

Tão correto e tão bonito:
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos.
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você estava chorando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto.
A mulher do porto ama e ela sabe quando ama, pois o seu coração bate forte, assim como bate o coração da moça da fazenda, a moça das prendas e virtudes. A mulher do porto sorri, com os olhos brilhosos, pois está feliz e não esconde. Seus lábios transmitem a mesma felicidade da moça recatada do colégio de freiras, instruída e pura. A mulher do porto deseja! E esse desejo é só seu, desejo que a moça da fazenda e das freiras desconhecem. A mulher do porto conhece os meandros do amor, ela o entrega até quando não sente. Entrega esse amor volátil por carência, por necessidade. Sentir o verdadeiro amor a faz feliz, acelera seu coração, brilha seus olhos. A mulher do porto sorri, deslumbra-se, ama, pois é mulher!

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente

quinta-feira, julho 13, 2006

“Pede uma música, Rodrigo”. Ele pensa por instantes e propõe: “‘Can´t Take My Eyes Off You’, Christian”. Meus olhos brilham, essa música tem tudo a ver. Tempo para resgatar na memória alguns trechos da música e cantarolar.

You're just too good to be true
I can't take my eyes off you
You feel like heaven to touch
I wanna hold you so much
At last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
I can't take my eyes off you

E, já que como cantor eu sou um excelente consultor, passamos o dia assim, trabalhando feito mulas e nos divertindo horrores.

No repertório temos de ABBA a Chico Buarque, passando despercebidamente por Alan Parsons e America.

Cantar faz bem – ao menos para quem canta – e demonstra uma felicidade latente. Um dos meus amigos tenta resgatar um casamento quase falido. É ele quem pede as músicas. Um outro, luta contra uma úlcera nervosa que o deixa com um humor estilo Dunga. É ele quem manda eu calar a boca. Eu... Bem, o que acontece comigo eu desopilo aqui. E o meu trabalho continua sendo do caralho!


“Aqui não tem trouxa, aqui não tem palhaço” é o nosso lema. Esforçamo-nos para sermos os melhores no que fazemos e colocamos, como premissa básica no nosso trabalho, sermos antagônicos à atitude dos Roberto Carlos e Cafús da vida. Colocamos a faca entre os dentes e vamos para cima.

E cantamos.

I love you baby
And if it's quite all right
I need you baby to warm a lonely night
I love you baby

Trust in me when I say

domingo, julho 09, 2006

Ainda me lembro do dia que te conheci, da primeira vez que meus olhos contemplaram cada pedacinho seu. Lembro-me do seu cheiro, e seria capaz de reconhecê-lo, mesmo que se enxergar eu não mais pudesse. Lembro-me quando saímos pela primeira vez, lembro-me da sua roupa e cabelo. Jamais me esquecerei da sensação que tive, ao ver que estava completamente apaixonado por você, assim, à primeira vista. Percebi que eu seria capaz de morrer, cantar e dançar, ficar acordado, babando por você.

Sensação como essa eu já havia sentido, confesso, talvez até mais marcante; mas não mais intensa, pois eu sabia, no seu caso, o que estava acontecendo, que locomotiva de amor era aquela que havia me atropelado. A maturidade tem os seus alentos, meu amor.

Como eu gostaria que algumas coisas no tempo voltassem. Não desejo o todo, mas uma parte. Aquela parte da nossa história juntos, todos os dias que você me esperava ansiosa, pois não sabia dormir de outro jeito senão embalada por mim, ouvindo – e aturando – minha voz. Ah, quantas coisas fizemos juntos! Quantas vezes eu chorei pois o seu sofrimento me machucava. Vê-la chorar sempre foi a maior das minhas fraquezas.

E o quanto essa separação me mata?! Quanto pecado ainda há para ser expiado, meu Deus? A saudade é tanta, tanta... Talvez você jamais me perdoe por não estarmos juntos e essa foi uma escolha difícil. Você sofreu muito, eu sei. Essa duplicata é minha, terei que acertar contas um dia. Levarei o que carrego no coração e espero que haja bondade no seu para aceitar.

Parabéns, filha! 10 anos, você já é uma mocinha.

segunda-feira, julho 03, 2006

Síndrome e indigestões

“No dia 23 de Agosto de 1973, três mulheres e um homem ficaram seis dias reféns de bandidos, em um assalto a um banco de Estocolmo. Para a surpresa de todos, os reféns desenvolveram uma relação especial com os raptores e, duas delas acabaram casando com eles. Desde então, chama-se Síndrome de Estocolmo esse fenômeno que faz com que as pessoas se apaixonem por seus raptores, ou os defenda”. Essa foi a mais sucinta e simples explicação desta doença que atacou 23 atletas e uma comissão técnica responsável por representar o esporte praticado em um país. É estranho, mas tive a impressão de, ao término da partida, vê-los entoar:

Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie

L'étendard sanglant est levé

Comportamento esquisito, eu achei, para quem dizia estar com a França entalada na garganta!

“Defender as cores de uma nação, honrar a nossa bandeira...” não são argumentos que acho apropriados, até porque não passei procuração pra ninguém jogar em meu nome. Eles foram escalados – ou simplesmente agrupados – para demonstrar o futebol praticado por essas bandas. E, como promoção institucional e para arregimentar torcedores ufanistas, executam o hino dos países de origem de cada selecionado. E pessoas, de pé (no estádio, nas casas e bares...), cantam – ou dublam – “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...” Reles consumidores de um produto chamado futebol.

A diferença - e eu tenho (assim como muitos) falado em oportunidades que me são dadas - entre grupo e equipe, é que o grupo é um apanhado de pessoas sem um objetivo em comum (caso claro da seleção canarinho); a equipe é formada por um grupo com objetivos em comum (seleção de Zidane). Um TIME, ah, esse é um conceito que vai além. O Time é composto por pessoas com um objetivo em comum, todos COMPROMETIDOS uns com os outros. Caso claro da família Felipão.

Outro conceito, já defendido aqui: Futebol, amigo, é jogo pra Homem! Homem, com o devido orifício anal original de fábrica, salvo aqueles que, acometidos de hemorróidas, tiveram algumas pregas desfeitas. Hombridade, vergonha na cara, vontade de nunca mais tirar a cara do buraco mais profundo que encontrar, são sentimentos esperados daqueles que percebem o papel miserável apresentado.

Ao invés disso, vimos, estarrecidos, os responsáveis pelo desastre da Alemanha sorrindo e abraçando seus algozes, aqueles que não tiveram pena de chapelar, canetar, entortar, e todos os jargões dos boleiros e que querem dizer: humilhação! Nem em pelada valendo caixa de cerveja vi algo parecido.

Aux armes citoyens,
Formez vos bataillons.
Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons

Alguém, por favor, peça para o Roberto Carlos parar de cantar essa música e, por gentileza, joga água fria no Kaká, ele continua grudado no Zidane. Ele entendeu errado! Disseram: "Kaká, cola no careca, não desgruda do sujeito". Ele não entendeu que era só para marcar...

A França continua entalada. Mas não teremos mais de engolir Zagallo's