segunda-feira, julho 03, 2006

Síndrome e indigestões

“No dia 23 de Agosto de 1973, três mulheres e um homem ficaram seis dias reféns de bandidos, em um assalto a um banco de Estocolmo. Para a surpresa de todos, os reféns desenvolveram uma relação especial com os raptores e, duas delas acabaram casando com eles. Desde então, chama-se Síndrome de Estocolmo esse fenômeno que faz com que as pessoas se apaixonem por seus raptores, ou os defenda”. Essa foi a mais sucinta e simples explicação desta doença que atacou 23 atletas e uma comissão técnica responsável por representar o esporte praticado em um país. É estranho, mas tive a impressão de, ao término da partida, vê-los entoar:

Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie

L'étendard sanglant est levé

Comportamento esquisito, eu achei, para quem dizia estar com a França entalada na garganta!

“Defender as cores de uma nação, honrar a nossa bandeira...” não são argumentos que acho apropriados, até porque não passei procuração pra ninguém jogar em meu nome. Eles foram escalados – ou simplesmente agrupados – para demonstrar o futebol praticado por essas bandas. E, como promoção institucional e para arregimentar torcedores ufanistas, executam o hino dos países de origem de cada selecionado. E pessoas, de pé (no estádio, nas casas e bares...), cantam – ou dublam – “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...” Reles consumidores de um produto chamado futebol.

A diferença - e eu tenho (assim como muitos) falado em oportunidades que me são dadas - entre grupo e equipe, é que o grupo é um apanhado de pessoas sem um objetivo em comum (caso claro da seleção canarinho); a equipe é formada por um grupo com objetivos em comum (seleção de Zidane). Um TIME, ah, esse é um conceito que vai além. O Time é composto por pessoas com um objetivo em comum, todos COMPROMETIDOS uns com os outros. Caso claro da família Felipão.

Outro conceito, já defendido aqui: Futebol, amigo, é jogo pra Homem! Homem, com o devido orifício anal original de fábrica, salvo aqueles que, acometidos de hemorróidas, tiveram algumas pregas desfeitas. Hombridade, vergonha na cara, vontade de nunca mais tirar a cara do buraco mais profundo que encontrar, são sentimentos esperados daqueles que percebem o papel miserável apresentado.

Ao invés disso, vimos, estarrecidos, os responsáveis pelo desastre da Alemanha sorrindo e abraçando seus algozes, aqueles que não tiveram pena de chapelar, canetar, entortar, e todos os jargões dos boleiros e que querem dizer: humilhação! Nem em pelada valendo caixa de cerveja vi algo parecido.

Aux armes citoyens,
Formez vos bataillons.
Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons

Alguém, por favor, peça para o Roberto Carlos parar de cantar essa música e, por gentileza, joga água fria no Kaká, ele continua grudado no Zidane. Ele entendeu errado! Disseram: "Kaká, cola no careca, não desgruda do sujeito". Ele não entendeu que era só para marcar...

A França continua entalada. Mas não teremos mais de engolir Zagallo's

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