segunda-feira, março 13, 2006

Ainda que aquele casamento não tenha dado certo, era certo que ele gostava dela. Tanto ou mais do que o suficiente para acreditar que ela continuava portadora do título de “companheira para a toda vida”. Mas, ainda mais do que o escuderismo tácito, o tesão era a liga deste relacionamento que não durou uma gestação. O tesão do reencontro, dois corpos que se buscam como a bússola ao pólo-norte e todos os demais clichês que instigam a imaginação e incendeiam os pensamentos davam a dimensão do que o sexo representava na vida deste casal. Em uma noite de chopes cheguei a propor que eles me permitissem assisti-los transar, tamanho o fogo que saía entre eles. Se separaram antes da resposta.

Fui amigo do casal. Na partilha dos bens, fiquei com ele. É engraçado como existe uma obrigatoriedade da escolha de qual, dos dois lados, os amigos ficarão... Ele ainda sonha com ela. Eu sei. Quando ele chega aqui no Banco me conta os seu sonhos.

Hoje ele sonhou que ele estava sonhando. Sonhos assim, tenho certeza, são alimentados por repelentes elétricos colocados em tomadas muito próximas do nariz do cidadão atacado por pernilongo. Ele sonhou que eles estavam em Nova York, andando para todos os lados, conhecendo vários lugares e conversando com um monte de gente. Os taxistas eram os de papo mais bacana. Indianos, marroquinos, sauditas... A dificuldade em entender o dialeto marciano falado por eles dava um colorido nesta troca cultural “multirracial”. Ele era feliz ao lado dela, de novo. E o melhor do sonho, segundo ele, não era a viagem em si. Era justamente o fato de ser sonho. Ele sonhava que, ao acordar, estaria ao lado dela.

Bacana demais. Ele chegou hoje para trabalhar se sentindo feliz de novo. Até olhar pra frente e ver a fila que tinha para atender...

Nenhum comentário: