quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Um brinde! Gostaria de te propor um brinde. Mas que tal substituirmos o champanhe francês ou vinho italiano, por um brinde de Fanta uva que você tanto gostava? E para comer, o que posso te servir? Desculpe-me se o serviço não lembrar em nada a festa de Babette ou coisa assim; pensei em um cachorro-quente da Americanas, daqueles que eu levava para você no hospital (meio despistado, eu acho). Lembra como você gostava? Simples, como você sempre foi.

Seu aniversário! 60 anos e corpinho de moça, é assim que te vejo. Magra, risonha, inteligente e perspicaz. Indo dormir quando todos acordam. Lendo, escrevendo... Seu maior pecado era ser tão inteligente e inconformada. Dizem que eu adoro um debate, uma discussão, e que eu não gosto de perder por falta de argumentos. Não sabem com quem eu treinei!

A Melissa me pegou no meio do almoço de hoje com os textos bíblicos e de auto-ajuda que ela tanto curte. Mandou-me pelo celular e me emocionou. Celular que eu dei pra ela, acompanhado do meu perdão. Com ela tem que ser assim, né? Perdoar, dar uma 1154ª chance. Estava escrito: “Hoje é aniversário da Mamãe e tenho certeza que ela continua a nos abençoar e amar...” Ela às vezes me lembra você, a Candy também. A Candy mais! Agora a Melissa quer fazer teatro. Cada um explora as habilidades que tem ou as ferramentas que herdou. Eu herdei suas cólicas renais.

Mãe, seja mais parcimoniosa da próxima vez, não precisava de tantas!

Herdei algumas outras coisas e as mantenho. Outras foram vendidas (um pouco da alma, acredite, eu consegui manter). A Melissa vendeu tudo, e torrou! Mas não se preocupe, está amparada.

Só o que ficou, e é o que realmente importa, é isto que aperta o peito agora - angina não é, apesar de ser essa outra herança sua. O sorriso, as brigas, as conquistas, olhar da mãe coruja-batuqueira, o "até sempre!"

Tá doendo, mãe. Tá foda.

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