segunda-feira, agosto 22, 2005

Quando eu tinha 24 anos convidaram-me para ser responsável por uma empresa recém criada e que trazia para o Brasil uma nova modalidade de ginástica, muito famosa lá fora e que criou um verdadeiro fanatismo nas academias daqui. Dentre as minhas tarefas constava treinar os profissionais que ministrariam essa aula. Para ter o direito de trabalhar com esse programa, os professores deveriam ser aprovados nos módulos de treinamento. Quem aprovava ou não era eu. Difícil imaginar alguém com 24 anos tendo a incumbência de dizer para profissionais, alguns deles mais experientes do que eu, se poderiam ou não trabalhar.

É claro que isso não fez bem para o meu tratamento de humildade e anti-presunção. Piorou, na verdade. Decidir a vida profissional de colegas era um peso muito grande para mim e colecionei alguns bons tropeços. Alguns bons desafetos. Na maioria culpa minha, não tenho dúvidas.

Hoje, com 31, tenho ainda mais poder de decisão nas mãos. Às vezes tenho medo. Muito! Sair de uma reunião onde se discute se determinado profissional poderá continuar prestando seus serviços com nossas ferramentas é complicado, ainda mais quando eu sei que essas são as únicas ferramentas de que ele dispõe.

Ainda mais quando eu já chamei ele de amigo.

“Por que foi que você fez isso, Véio! Por que foi que você nos apunhalou? Nós, que já estivemos juntos tantas vezes... Você já fez pequenos delitos e foi perdoado. Será que nós deveríamos ter sido mais rígidos com você na época? Será que você se tornou aquele serial killer pedindo pra ser preso e nós não fizemos nada? Desculpa, Bro, mas agora basta”.

É tudo o que eu posso dizer nessas horas. E tentar dormir.

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