quinta-feira, julho 14, 2005

Estar na casa da minha ex-noiva, Ana, e tomar café-da-manhã com ela seria extremamente plausível. Quantos casais, mesmo depois do término de seus relacionamentos, não se encontram para matar a saudade? No nosso caso seria aceitável, pois passamos 5 anos juntos e fomos os "primeiros em tudo" um do outro.

Mas o que fez essa cena ser incomum é que, além de Ana, seu marido Rafael estava sentado a minha frente, e conversávamos normalmente.

O curioso, para as pessoas que ainda não conhecem a minha história, é que o Rafa tem o mesmo sobrenome que o meu, Woltz, o que mostra que somos parentes.

Isso mesmo! Rafa "Chambers" Woltz é meu primo; um quase irmão que se casou com minha ex-noiva - o "quase irmão" foi o efeito colateral deste casamento.

Antes dele resolver consolar Ana, éramos praticamente irmãos. Vivíamos um na casa do outro e crescemos juntos. Tínhamos uma história parecida. E, como seria natural, havia uma certa competição entre nós. Coisas de primos que sentem a invejinha branda do brinquedo que o outro ganhou, o disco que o outro tem e por aí a fora. Entre eu e o Chambers (apelido carinhoso sem um significado claro - ora besta, ora viado...) rolava essa parada, mas nos respeitávamos sempre.

Mas foi ver a Ana a perigo e um sentimento tubaranesco, totalmente desconhecido, veio a tona. Ela ali, triste, a perigo, atrasada nas parcelas vitalícias do carnê do sexo, fez com que meu primo se esquecesse da ética que rege o mundo masculino e preciptasse para cima da MINHA EX. Não pôde sentir o cheiro da conquista e os sentidos adquiriram a sensibilidade do caçador.O resultado foi esse casamento há 2 anos.

Pois bem, depois de 5 anos desde o término do meu noivado com Ana estava eu ali sentado na sua frente. Sua casa, sua família, seu marido e eu. Todas essas questões passavam pela minha cabeça quando Ana me perguntou:

- Fer, você não vai tomar nada e nem comer nada? ela me perguntou.
- Puxa, Ana, depois de mais de 10 anos de convivência você nem se lembra que não tomo café-da-manhã?

Sorriso amarelo de todos. Eu, por ser convidado da casa e me comportando mal; a Ana, por demonstrar claramente que nunca deu muita importância para as minhas manias - que não eram poucas; e o Rafa que naquele momento deve ter imaginado quantos cafés-da-manhã eu NÃO tomei ao lado de Ana, mas que passei ao lado dela. Só eu e Ana, nus, depois de transarmos até a exaustão, com marcas de unhas mal cortadas e mordidas marcadas pelo aparelho que ela usou durante todo o nosso namoro/noivado.

- É mesmo, Fer. Mas você deveria mudar seus hábitos, isso poderá te fazer mal um dia. A Ana era mesmo muito lisa!

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