terça-feira, junho 14, 2005

Não sou expert nesse assunto, mas sou um grande curioso. E tenho certeza de que várias pessoas já escreveram sobre esse assunto, mas eu ainda não os li.

Toda venda é emocional, isso é fato. Os motivadores do comportamento humano são evitar a dor e buscar o prazer (em alguns casos, comportamentos freaks são justamente aqueles em que se alcança o prazer através de experiências dolorosas). E, se você fizer uma leve análise do seu comportamento, perceberá que toda vez que você comprou algo que sua consciência pesou, você se esforçou ao máximo para convencer alguém a fazer o mesmo.

Por que todas as tendências de consumo e comportamento estão se voltando para o que se consumiu e como se comportou na década de 80? Simples!

A geração que viveu sua infância e início de adolescência nos anos 80 vive, hoje, na sua recém conquistada maturidade. São pessoas que passaram dos 30, muitos casados e até descasados, filhos pequenos – o que gera uma regressão aos tempos de infância, e alguma estabilidade financeira. Essa geração detém, hoje, o poder do consumo e estão na mira dos fornecedores de produtos e serviços.

Naquela época eram nossos sonhos de consumo os patins de roda, os videogames, bonecos e mobiletes. Mas a decisão de compra não nos pertencia e sim aos nossos pais. Naquela época, lembro-me de meu pai comprando aparelho de som quadrifônico, lp’s dos mais diversos, relógios e calças de veludo cotelê; ou seja, tudo o que ele gostaria de ter comprado nos anos 60 e 70 e não podia. E, como os esportistas tidos como espelho eram os da Fórmula 1 e Tênis, meu pai só bebia Campari, usava Denin e comprava Lacoste.

Hoje nos espelhamos em jogadores de futebol (é mole?) e eles são os mais concorridos garotos-propaganda. Material esportivo, como agasalhos e tênis, são nossos sonhos de consumo (como era na infância, mas sua mãe só pensava em lhe comprar uma calça de tergal). Por obra e graça do desconhecido, ao menos a pulseirinha amarela veio de um ciclista. Bebemos qualquer coisa, mas com energético.

Livros como o Almanaque dos Anos 80 (que eu tenho, e autografado) devem estar nas mesas dos marqueteiros sendo analisados. “O que poderemos relançar?” deve ser uma das perguntas mais freqüentes. Hoje nós somos os alvos preferenciais.

Mas não importa, o que vier a gente compra mesmo. Queremos o prazer de comprar o que nos der na telha. É o nosso supérfluo que conta. Deixemos para trás o sentimento de impotência e dor de não ter o ioiô da Coca-Cola. Eu quero? Eu posso! E viva o mercado de consumo.

“A história de todas as sociedades que já existiram é a história de luta de classes” o escambau.

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