sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Das poucas vezes que apanhei do meu pai, lembro-me do bom e velho clichê “isso dói mais em mim do que em você”. Só quem tem filhos sabe que isso é verdade e até o caboclo virar pai ele acredita que isso é uma baita mentira.

Conversando com o Master Pretus, ele fez uma perfeita analogia para seu filho, quando sacou este clichê depois de uma boa sova.

- Henrique, qual é o seu brinquedo favorito?
- O boneco grande do homem-aranha, pai. Por que?
- Pega ele lá!
- Não pai, não estraga ele não...
- Pega, Henrique!
- Pronto pai, ta aqui.
- Arranca o braço dele!
- Por que, pai? Eu gosto do meu brinquedo; é o que eu mais gosto! Não quero fazer isso!
- Ta vendo, Henrique... Toda vez que tenho que bater em você, eu sofro muito. Te carreguei no colo, troquei suas fraldas, passei noites em claro te olhando e amando cada pedacinho do meu filho. Quando você faz algo errado, é meu dever corrigí-lo. Você é a pessoa que mais amo e te ver chorar é a pior sensação que tenho. Por isso, dói mais em mim!

Agora, de mãe todo mundo apanha muito mais, né? Minha mãe dormia muito pouco e sempre muito tarde. Com uma carreira acadêmica impecável, escreveu suas teses de madrugada e, quando raivava o dia, caia no sono. Quando ia dormir, enfilerava seus sapatos e tênis debaixo da cama, cobria os olhos e apagava. Se alguém entrasse no quarto, um dos sapatos era prontamente atirado e com uma precisão à la Jason Bourne. De olhos tampados! Coisa impressionante! Que saudade, mãe...

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