quarta-feira, março 01, 2006

Para cada máscara não comprada, cada serpentina não jogada, cada lança não cheirado, um utensílio na cozinha. Carnaval o quê?

Primeiro foi a saudosa maloca, assim batizada pelo amigo que menos ficou e mais saudade deixou naquela casa que muitos freqüentaram e, por isso, foi chamada de Casa dos Artistas. Cada um no seu quarto e uma sala em comum.

Depois foi o depósito. Neste depósito a minha empresa guardou coisas valiosas (equipamentos caros) e nem tão valiosas assim (eu, por exemplo). A sala desta casa (nada saudosa) acomodava as treliças e caixas, enquanto os quartos acima acomodavam a mim e aos convidados não convidados e com estranhos hábitos. Eu era um visitante na minha própria morada e dificilmente sabia quem seria o conviva do fim-de-semana. A segurança era provida pela Divina Providência que, aliás, nunca me deixou na mão.

Agora o meu ap. Prédio bacana, ap adequado e o binômio segurança-conforto passou a fazer parte da vida deste retirante das Minas Gerais. Pela primeira vez, desde que deixei minha terrinha natal, terei acesso ao direito de ter sala. É direito dos mais sagrados. Desde que comprei o ap do Caiçara (BH) não me via tão interessado por programas freaks da tv paga que mostra arquitetos e decoradores transformando ambientes descaracterizados em pequenas obras-de-arte.

Tudo bem que o ap de BH tem 112 m² e este não tem mais que 45 m². Mas é honesto, com 2 sacadas (o que suscita pensamentos iníquos), cozinha americana e bar com direito a taças (já compradas para todas as bebidas) dispostas tal qual morcegos sedentos, adega para armazenar as boas safras de toda sorte de vinhos (Chapinha, São Roque), suíte e banheira – esta mal cabe um, mas para o que pretendo não seria necessário muito espaço – piscina e sauna para serem lembradas nos finais de semana que eu trabalhar.

Até agora as melhores aquisições foram as taças, as cestinhas em inox, o tripé e capa para o teclado e a feiticeira. A trena foi a pior; ela é uma invenção demoníaca. Com ela já descobri que preciso de uma estante (que não pareça estante, para não deixar o “ambiente carregado”) de tantos metros, um jogo de sofás e divã, mesa de centro e o tapete para compor o ambiente, a mesa de jantar com os pés em pedra e tampão de vidro, o aparelho de jantar pintado a mão e tudo mais que, somados, dão dor no estomago e úlcera no bolso. Hoje o que existe lá são 2 banquinhos altos que compõem o barzinho e a tv grande, devidamente ligada ao cabo gato que por ali deixaram...

A única coisa que quero, e isso eu não abro mão, é um painel de BH. Agora sim, estou em casa.

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