sexta-feira, maio 13, 2005

Treinamento para Crianças

O Prof. Dr. Mário Charro é um dos nossos mais brilhantes colaboradores. É dele o texto abaixo, e a minha participação foi ínfima, adequando os termos técnicos ao linguajar dos nossos alunos. Por que foi que eu postei isso aqui? Pra ver se eu te convenço a matricular seu sobrinho lerdo em uma academia e, quem sabe, você se matricula também. Tenha paciência e leia:

Até muito pouco tempo, era comum ouvirmos que musculação para criança era contra-indicada, pois poderia atrapalhar o crescimento. Aos poucos, este como outros pré-conceitos vêm sendo superados por trabalhos científicos que mostram a real influência do treinamento de força para esta população.

Kraemer e Fleck (2001) mostram que um programa de musculação para crianças adequadamente prescrito e supervisionado pode proporcionar aumento na força, aumento na resistência muscular localizada, influência positiva na composição corporal, diminuição no risco de lesões durante a prática de atividades esportivas ou recreativas (devido a maior estabilidade nas articulações) e melhoria no desempenho geral.

Contudo as crianças se diferenciam dos adultos nas respostas cárdio-respiratórias, bem como melhoria na coordenação, aumento da força e da massa muscular, endócrinas e psicológicas dentre outras. Estes são os motivos pelos quais o treinamento com crianças consiste de um processo sistemático de longo prazo, onde o crescimento e o desenvolvimento têm prioridade.

Desta forma, uma avaliação física individualizada é fundamental para o sucesso do treinamento proposto, onde serão observadas as características antropométricas (peso, estatura, circunferências e composição corporal), análise postural (para evitar sobrecarregar uma postura errada ou ainda auxiliar na correção da mesma), avaliação da força e da flexibilidade, bem como da condição aeróbia.

Não existe uma idade mínima para iniciar um treinamento de musculação, porém entende-se que antes dos 7 anos o possível seria apenas a adoção de exercícios básicos com pouco peso ou somente o peso corporal (evitando movimentos feitos de forma a sobrecarregar alguma estrutura corporal), desenvolvendo apenas o conceito de sessão de treino. Entre 8 e 10 anos, ocorre então o aumento na quantidade de exercícios, inserindo a técnica adequada de execução e aumento gradativo nos pesos, mantendo exercícios de fácil realização. Entre 11 e 13 anos continua o aumento gradativo nos pesos, agora com ênfase nas técnicas de execução, introduzindo exercícios mais avançados, aumentando a solicitação das capacidades coordenativas. Entre 14 e 15 anos ocorre a adoção de programas mais avançados com a inclusão de elementos específicos a prática esportiva, nesse momento pode ocorrer um pequeno aumento no volume muscular. A partir dos 16 anos inicia-se a proposta de trabalho de força nos mesmos moldes dos adultos.

Em função do crescimento de ossos, ligamentos, cartilagens e tendões, estes se apresentam muito sensíveis à sobrecarga, sendo assim o treinamento proposto pode ter efeitos positivos ou negativos sobre estas estruturas (estimulando o crescimento ou inibindo-o), este é o principal motivo pelo qual não se indicam treinamentos em alta intensidade, e sim trabalhos de intensidade moderada (resistência) nos períodos iniciais.

O trabalho com crianças requer paciência, incentivo, criatividade e motivação constantes, e é desta forma que podemos obter os melhores resultados em seus treinamentos.

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