segunda-feira, maio 02, 2005

Talvez um pouco dessa minha experiência responda a algumas das minhas questões: Por que não sediamos olimpíadas? Por que espetáculos que rodam o mundo não aportam por aqui?

Pagar R$135,00 para assistir ao Fantasma da Ópera foi o preço de uma aposta mal sucedida. Pensei "pagarei mais caro para selecionar as pessoas que estarão ao meu lado, e terei a tranqüilidade de não ter ninguém gritando 'vai lá, fantasmão' num momento de euforia". Ledo engano!

De cara um conflito: o espetáculo insistia em querer começar no horário, enquanto os intransigentes mantenedores da tradição do atraso brasileiro ficavam de pé, conversando, mesmo com as luzes já apagadas. E, sortudo que sou, fui circundado pela pior espécie, que conversava o tempo todo, contava piadas e, tenho certeza, jogava truco.

Intervalo do 1° para o 2° ato, eu e meu olhar de fúria:

- Estou me sentindo lesado, roubado mesmo! E, mesmo que fosse ressarcido do valor que paguei, nada me tiraria a vergonha que sinto deste povo. Olha só esse chão cheio de papel de chocolate, esse povo que conversa o tempo todo e não respeita o entretenimento alheio.
- Grande coisa essa merda de espetáculo! Paguei US$200.00 em Dallas para assistir essa bosta!
- É muito menos uma questão de grana; é uma questão de berço.

Mas o espetáculo em si é maravilhoso e, mesmo com algumas versões para o português outrora cantadas pelo Emílio Santiago, emocionei-me a ponto de soluçar. O cenário, a produção, A VOZ do Fantasma... Os sentimentos dúbios que, em certos momentos, faziam-no se comportar como um Gasparzinho e, em outros, como um Assombroso, davam a exata noção do que um homem é capaz de fazer quando ama de uma forma dolorosa e sobrenatural.

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