terça-feira, abril 26, 2005

Alguns profissionais levam de 5 a 6 anos para se especializar na sua área de atuação. Posso dizer que, depois de 8 anos neste mercado de caixeiro-viajante, sou verdadeiro expert em arrumar malas e fazer check-in.

Não banalize minha especialização; você demonstraria pouco conhecimento de causa.

A arte de arrumar a mala não é uma tarefa corriqueira. É deveras complicado ajeitá-la de uma forma inteligente e balanceada. Selecionar o que levar, a vida útil de cada peça (às vezes, uma meia pode/precisa ser usada por mais de um dia; escolha a cor certa!). Objetos cortantes devem ser despachados na bagagem para não te causar constrangimento no raio-x e o xampu sempre envolvido em saco plástico, pois ele VAI derramar (jogo búzios e tarô e trago a pessoa amada em dois dias!). E, na hora de arrumar a mala para a viagem de volta, certifique-se de que o creme hidratante não ficou no espelhinho do banheiro. A peça íntima com a marca de freio de caminhão deve ser mantida na lixeira.

Fazer o check-in é um aprendizado na arte da sedução. Se você viaja com caixas e banners que sempre excedem sua cota (mesmo tendo o fidelidade vermelho da TAM), escolha a pessoa certa para te atender. Para atendentes com carinha de boneca, tenha no bolso um chocolate. Funciona SEMPRE! “Você deixou uma criança feliz” elas falam ao receber a guloseima. As atendentes com cara de encalhadas cedem a um sorriso com leve mordida no lábio inferior. A tradicional cara de putão! Ou seja, na hora do check-in, vender o corpo é o que funciona. Os bróders que embaçarem não te cobrarão o devido excesso com um “não acredito que, depois de 8 anos de fidelidade e mais de n viagens feitas nesta companhia, quando eu preciso, vocês não me atenderão. É esse o seu conceito de gentileza?”

No 3º andar do aeroporto de Recife tem um excelente restaurante regional. E eu realmente me senti em Recife! Pedi, para o café-da-manhã, uma macaxeira com manteiga e queijo com um café expresso. E o toque final foi a paisagem. Como este é o ponto mais alto do aeroporto, só o que se enxerga da pista são as caudas dos aviões, como verdadeiras barbatanas de tubarão fazendo seu trottoir enquanto taxiam. É como se eu estivesse em Boa Viagem

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